Existente desde os últimos dias de 2019, a disseminação do coronavírus se tornou uma pandemia, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), em meados de março deste ano atingindo todos os continentes do planeta Terra.
Países da região, como o Brasil, têm tido um aumento exponencial de casos deixando todas as empresas locais preocupadas com o seu futuro. Ao planejar estratégias de comunicação na América Latina as preocupações são as mesmas e uma das maiores dificuldades das empresas nesse período tem sido como lidar com a situação e não se tornar obsoleto.
Nossos especialistas compartilharam algumas dicas para te ajudar a aprimorar as comunicações internas e externas da sua companhia na região em meio a essa crise mundial.
A cultura, a realidade e o jeito que você deve conduzir as relações com a mídia variam de país para país. Estar ciente destes detalhes irá ajudar sua companhia a desviar de situações que poderiam ser um desastre para a sua reputação. Por exemplo, alguns governantes latino americanos, especialmente os presidentes do México e do Brasil, assumiram abordagens controversas em relação às orientações feitas pela Organização Mundial de Saúde para lidar com a pandemia do coronavírus – incluindo o isolamento físico. Para ambos presidentes, em prol de proteger a economia, é melhor deixar as coisas como estavam antes do vírus, sem medidas de higiene extras, nem quarentena.
Na Sherlock Communications, sempre levamos os interesses de nossos clientes em consideração, mantendo em mente a mensagem que estavam buscando enviar em nome de suas companhias enquanto se comunicam com a América Latina. No entanto, essa mensagem deve ser adaptada e sensível aos tempos que vivemos. Não deve, em hipótese alguma, ser desdenhosa ou se posicionar de forma contrária às medidas de proteção contra o COVID-19.
Além disso, não é recomendado, obviamente, perseguir de forma explícita uma figura política, ator ou outra pessoa que não siga as mesmas orientações que você – não importa quanto você pessoalmente acredite que estão errados – porque, se o fizer, a mídia pode mencionar sua marca focando apenas na intriga, o que não é uma boa aparência para sua companhia.
Um bom exemplo de comunicações locais assertivas é o Boticário, uma das maiores companhias de cosméticos no Brasil, cujo time focou em explorar as crenças e ideias sobre o assunto, sem mencionar abertamente o presidente do país – apesar de seus comerciais irem em conflito direto com as crenças de Jair Bolsonaro, ao pedir para que as pessoas permaneçam em casa e se isolem. Os resultados foram positivos e a mensagem foi extremamente bem recebida, tanto pelo público alvo deles, quanto pela mídia.
Dos países latino americanos que estão vivendo a maior tensão devido às ações do governo, o Brasil é um dos mais críticos. Enquanto de um lado do país o presidente reduz o coronavírus a uma “gripezinha”, em comunidades locais, onde as facções do tráfico dominam, as coisas estão sendo um pouco diferentes. Líderes regionais estão levando a pandemia bem a sério e até mesmo impuseram toques de recolher para os moradores locais.
Um dos fatores que agravam a preocupação entre os líderes do tráfico é o fato de que muitas comunidades ainda não têm total acesso a saneamento básico, água limpa ou melhores práticas de higiene. Além disso, a maior parte dos moradores dependem do sistema público de saúde, que é mal visto em todo o país dada a falta de investimentos e poucos materiais e profissionais para cobrir todas as necessidades dessa população.
Não há nada mais desorientador para funcionários do que a falta de comunicação em tempos de crise, especialmente na América latina, onde muitos países sofrem com altas taxas de desemprego e ficar sem fonte de renda é um grande medo para maior parte das pessoas.
Atualmente, a maior parte dos latino americanos estão com as suas mentes cheias de incerteza e inseguranças. Seus empregados regionais estão provavelmente questionando se sua empresa realmente se preocupa com a segurança e qualidade de vida deles, então abrir o jogo e mostrá-los quais serão os próximos passos, além de ser tão compreensível quanto possível, é fundamental.
Se for possível, deixe seus funcionários trabalharem de casa ou, pelo menos, ficarem a salvo dentro de seus lares ao invés de criar uma situação em que eles se sentirão obrigados a pegar transporte público e arriscar a saúde deles e de seus familiares para continuar a ter comida em casa.
Lembre-se: empregados insatisfeitos podem derrubar a reputação de sua companhia em muito menos tempo do que você levou para construí-la. Para evitar que isso aconteça, você precisa mantê-los informados (de forma gentil, porém direta) do que irá acontecer a seguir.
Muitas empresas creem que, durante momentos como o atual, nada melhor do que dar uma pausa em sua comunicação para dar lugar à notícias que façam um maior serviço ao público. Na Sherlock Communications, concordamos com isso – em parte.
Entendemos a importância de não sobrecarregar a mídia com assuntos que poderiam ser tratados em outro período, como uma pesquisa que não seja hard news ou um anúncio que teria um maior interesse futuramente. No entanto, sumir – de vez – da mídia não é bom para sua marca. É importante falar sobre o COVID-19 de uma forma relacionada à área de atuação da sua empresa, pois isso demonstra que são capazes de discutir diferentes temas – até crises – e se tornar uma fonte de conteúdo relevante para a mídia e público geral.
Além disso, muitos de nossos clientes têm disponibilizado produtos gratuitamente e/ou criado estudos inéditos sobre o assunto. Se sua companhia fizer o mesmo, será muito importante divulgar isso amplamente, pois a marca apresenta seu lado mais “humano” e ajuda a estreitar relações com o consumidor.
Desse modo, quando a crise chegar ao fim – ou ao menos se tornar mais branda – e a mídia estiver procurando outros temas para cobrir, irá lembrar de sua marca.
Ao mesmo tempo que se tornar obsoleto não é recomendável em nenhuma circunstância, deve-se entender que anúncios e pautas muito fora do tema coronavírus provavelmente não terão nenhuma cobertura da mídia. caso tenha, pode parecer que você – e sua marca – não estão sendo insensíveis, e até cínicos, em relação à situação atual.
Por exemplo, divulgar um estudo sobre a preferência dos brasileiros por hambúrguer em relação à pizza, nos tempos de hoje, pode até interessar veículos focados em gastronomia, no entanto, o leitor pode achar que a pessoa que o divulgou não está se importando com a pandemia e, por isso, está focando em temas leves, que – por hora – não têm tanta importância.
O mesmo pode acontecer nas redes sociais. Se sua companhia continua a postar sobre os mesmos assuntos, como se nada tivesse mudado no mundo, as pessoas podem se sentir desconfortáveis e desconectadas, não interagindo com suas publicações e diminuindo as taxas de engajamento. Não há necessidade de parar tudo – mas considere introduzir o tópico do coronavírus da forma mais coesa em seus canais, de forma a continuar relevante durante esses tempos.
Como dissemos anteriormente, muitos políticos e até mesmo empresários estão se posicionando de forma contrária às políticas de lockdown com o argumento de que isso irá prejudicar mais seus países do que o próprio coronavírus. Isso não é apenas um argumento mal fundamentado, como uma declaração muito perigosa para ser feita publicamente, considerando que muitas pessoas já estão se sentindo extremamente ansiosas sobre seus empregos e economia local.
Se você é contra a quarentena, seja cuidadoso ao expressar sua opinião publicamente, especialmente porque isso pode ferir a imagem de sua companhia de forma severa. Um bom exemplo do que você não deve dizer é o que o dono do restaurante Madero, Junior Dursky declarou para a mídia: que o Brasil não pode parar por causa de “5 ou 7 mil mortes”. Isso não foi apenas extremamente insensível, mas também inspirou o início de um boicote em massa ao restaurante. Isso é definitivamente o tipo de atenção que você não busca para sua companhia agora.
Há muitas fake news sendo disseminadas por indivíduos e até mesmo por grandes meios de comunicação. O fato é que estamos todos buscando alguém para culpar ou, ainda, buscando por uma resolução rápida, então quando uma notícia revoltante ou impressionante nesses termos surge, tudo o que queremos é discutí-la com outras pessoas.
Nada de bom pode vir a partir de fake news e, sinceramente, disseminá-las entre seus funcionários ou suas redes sociais (pessoais e profissionais) pode gerar danos reais. Dê um passo atrás e confirme a informação que recebeu antes de criar falsas esperanças ou animosidade entre as pessoas.
A pandemia do coronavírus é um problema mundial delicado. A melhor forma de lidar é mostrando empatia e tentando não focar tanto nas perdas econômicas – pelo menos não publicamente. Pensar suas estratégias de comunicação na América Latina de um modo assertivo e empático, que posicione a sua empresa de uma forma que mostre que ela está disposta a cooperar e que entende a realidade dos moradores locais irá ajudar a construir respeito e colher resultados positivos no futuro.