A América Latina vive em uma onda crescente de adoção de criptomoedas, o que tem despertado o interesse de diferentes empresas e especialistas para os países da região. Essa realidade levou a comunidade Ethereum a se reunir pela primeira vez na região, com o evento Ethereum Rio, para discutir sobre o presente e o futuro do ecossistema de criptomoedas nos países latino americanos.
Por 10 dias, a comunidade se encontrou no Rio de Janeiro entre launchpads, bootcamps, hackathons e painéis com nomes como Changpeng Zhao, CEO da Binance; Eduardo Paes, prefeito do Rio de Janeiro; Eduardo Suplicy, ex-senador do Estado de São Paulo, favorável ao uso de blockchain para viabilizar renda básica universal.
Entre um dos assuntos centrais esteve a preocupação em entender como levar o blockchain aos latino-americanos de forma a permitir, principalmente, a inclusão financeira em meio às instabilidades nas quais os países se encontram.
O interesse crescente na América Latina acontece em um momento em que a maioria dos países da região vê mudanças na regulamentação de criptomoedas e interesse cada vez maior por parte da população em adotar criptoativos.
No Brasil, espera-se um aumento de 91% de brasileiros comprando criptomoedas nos próximos 12 meses, de acordo com pesquisa encomendada pela Sherlock Communications¹. A Colômbia se posiciona como o segundo maior “país cripto” da América Latina, com um aumento de 208% de indivíduos que devem comprar moeda digital ou token no próximo ano.
Embora o Brasil tenha as maiores taxas gerais de adoção, a velocidade da taxa de adoção é ainda mais rápida em outras partes da América Latina. Por exemplo, no Peru, é possível esperar um aumento de 1100%. Outros dois mercados de rápido crescimento são o México, que deve ter um aumento de 345% na adoção e a Argentina, com um aumento de 235%. Enquanto isso, o Chile pode esperar um aumento de 208%.
Com a intenção de compra de criptomoedas nos próximos meses, empresas e especialistas se encontram estudando os hábitos de latinoamericanos para alcançá-los não pela tecnologia, mas através das soluções e benefícios que o ecossistema permite para inclusão financeira.
“O ecossistema latino-americano está evoluindo e amadurecendo, implementando regulações amigáveis para projetos de web3 e oferecendo espaço para educação, desenvolvimento de novos talentos e adoção de soluções baseadas em blockchain.
Na América Latina, aplicações como Bitcoin, Finanças Descentralizadas (DeFi), Tokens Não Fungíveis (NFTs) e jogos Play2Earn (P2E) propõem soluções inovadoras para problemas sérios e reais que a população enfrenta: inflação, degradação ambiental, emergência climática, desigualdade social e exclusão de milhares de pessoas ao sistema financeiro. Essas devem ser as principais motivação da comunidade Ethereum. Precisamos refletir sobre como usar a tecnologia para melhorar o bem estar das pessoas, construindo futuros desejáveis.
É preciso começar por hoje, aplicando as soluções existentes e criando benefícios imediatos às comunidades. Com isso, podemos aprender, intencionar e visualizar como gostaríamos de usar as ferramentas disponíveis hoje para construir o amanhã”, diz Luiz Hadad, da Cambiatus e voluntário da Ethereum Rio.
Os últimos anos intensificaram a digitalização da economia na América Latina, integrando grande parte da população nos sistemas financeiros, especialmente na criptoeconomia. Esta é uma grande oportunidade de crescimento do sistema, mas para isso, o desafio é como educar as comunidades, ajudá-las no processo de integração e construir confiança em torno desse ecossistema, mostrando interesse em seu desenvolvimento e estabilidade.
O futuro promissor para blockchain na região vem com um longo caminho a ser percorrido. Existem barreiras ligadas à desconfiança da população ao acesso a essa tecnologia. Fica na conta das empresas investirem em informação e divulgação para promover suas ações e investimentos e assim, alcançar o público que busca e tem interesse em investir e saber mais.
¹ Os dados são de uma nova pesquisa encomendada pela nossa agência — Sherlock Communications — que gerou também o Relatório de Blockchain – América Latina 2022. O relatório analisa as recentes atualizações regulatórias que afetam a adoção do ecossistema blockchain na região e é uma fonte de informações atualizadas sobre questões como regulamentação e tributação, além de fornecer uma visão geral dos principais participantes, bem como taxas de adoção e outros dados específicos do país.