No meio da discussão cada vez mais intensa sobre igualdade de gênero, machismo e empoderamento feminino pelo mundo, a Copa do Mundo Feminina da FIFA viu sua cobertura e público aumentarem em 2019. O evento esportivo, comumente vista como “inferior” à versão masculina, entrou na briga por mais valorização e teve cobertura extensa na mídia, com os jogos da Seleção exibidos pela TV Globo pela primeira vez.
Com a exigência do público feminino para que o evento tivesse o mesmo prestígio que o masculino e o consequente aumento de cobertura, marcas aproveitaram a discussão para se colocarem no radar e levantaram discussões de gênero em seus próprios comerciais. As jogadoras brasileiras encabeçaram anúncios que criticavam a falta de patrocínio e representatividade feminina nos anunciantes – já que durante a Copa do Mundo Masculina de 2018, os jogadores monopolizaram os comerciais.
Nessa causa, a Guaraná Antártica, muito criticada pela falta de apoio a modalidade feminina, já que é patrocinadora oficial da Seleção, fez um mea culpa e lançou a ação “É Coisa Nossa”, chamando outras marcas a darem visibilidade ao futebol feminino numa tentativa de igualdade de gênero nos eventos esportivos.
Do outro lado, as protagonistas da Copa do Mundo Feminina – as jogadoras – também aproveitaram o aumento de atenção para apoiar e levar os holofotes para causas importantes, como a desigualdade salarial entre homens e mulheres.
A jogadora brasileira Marta comemorou o gol feito na partida contra a Austrália apontando para sua chuteira com as cores azul e rosa, sem logo de marca esportiva. O calçado é símbolo da ação Go Equal, criada pela ONU Mulheres, que busca promover equidade salarial, da qual a camisa 10 atua como embaixadora global.
No mundo do futebol, as jogadoras femininas recebem patrocínio inferior ao que as marcas pagam aos jogadores de times masculinos. A Adidas, patrocinadora oficial da FIFA, deu um passo concreto na diferença de valores entre gêneros e decidiu igualar o prêmio oferecido ao torneio feminino ao valor dado aos times masculinos.
A Copa do Mundo Feminina da FIFA 2019 cutucou ainda mais em relação à representatividade e igualdade de gênero e conseguiu pequenas vitórias que não devem continuar somente daqui 4 anos. Nas ruas, os bares decorados com programação durante os jogos do Brasil e as empresas que permitiram dispensa assim como ocorre durante os jogos masculinos mostram a força e início de mudança.