O e-commerce vem se tornando rapidamente a primeira opção para os peruanos. Pensando nisso, o time da Sherlock Communications participou da nona edição do e-Summit Peru e-Commerce,realizado pela Câmara de Comércio de Lima (CCL), um evento de dois dias em que foi discutido ambos o presente e futuro do e-commerce no no país. Confira nossos insights.
De acordo com a Statista, o que eram 11.8 milhões de usuários em 2020, tornaram-se 20 milhões, representando um aumento de 70% em apenas três anos.
Esta mudança também influenciou as formas de pagamento. De acordo com a Câmara Peruana de Comércio Eletrônico (CAPECE), as carteiras digitais ganharam maior adesão nos últimos anos. Até maio de 2024, elas representavam 27% de todas as transações, quando em 2019, representavam apenas 3%.
Pagamentos em cartão de crédito e débito também estão aumentando, apesar das transferências bancárias ainda não terem superado a opção de pagar na entrega. Uma das hipóteses se deve a grande informalidade no país e sua desconfiança em transações online entre alguns consumidores.
Os marketplaces ainda são as plataformas mais populares para as compras online, representando de 50% a 70% do e-commerce total do país. Com a ausência da Amazon, os peruanos recorrem a plataformas regionais, como Mercado Livre e Falabella, sendo a tecnologia a categoria mais consumida.
Nos últimos 5 anos, a transformação digital vem sendo vanguardista no crescimento do e-commerce no Peru. Como consequência, empresas que desejam atuar no país precisam abraçar novas tecnologias.
No Summit, a inteligência artificial mostrou-se a tecnologia de maior impacto no comércio digital. Através de sua habilidade de analisar dados, desenvolver algoritmos e criar modelos de machine learning, a IA será uma ferramenta essencial para cortar gastos e otimizar operações para empresas peruanas. Inclusive, já está sendo usado em chatbots, que prestam suporte aos clientes em tempo real.
A CAPECE também observou a forte presença de e-commerce mobile: 60% das transações online no Peru agora são feitas através de aparelhos móveis. Isto se deve principalmente à rapidez dos pagamentos, a crescente popularidade dos aplicativos e a habituação no uso das carteiras digitais.
Um dos maiores desafios para o e-commerce no Peru é seu foco na capital. Dos 42% peruanos que compram online, 70% estão em Lima. Além disso, de acordo com a FLOW Pagos, que também participou do evento, a cidade soma 80% das transações totais.
Dito isso, Lima tem os serviços de delivery mais avançados, seja viabilizado pelos sistemas das próprias empresas ou terceiros. O futuro do e-commerce no Peru vai depender da expansão desses serviços para outras regiões, diminuindo o tempo de entrega.
Para melhorar a logística, as empresas terão que otimizar as rotas de transporte, aprimorar a gestão de estoque e automatizar os processos de armazém. O objetivo é criar uma cadeia de suprimentos ágil e eficiente. Velocidade e transparência são essenciais não apenas para as plataformas digitais, mas também no estágio final da transação: a entrega de um produto ou serviço.
Ainda, a infraestrutura do e-commerce exige uma plataforma de pagamento sólida. Diferente do passado, as empresas agora precisam oferecer diversas opções de pagamento para reduzir os abandonos de carrinho devido a ausência de alguma preferência de transação.
As fintechs têm sido cruciais no crescimento dos pagamentos digitais no país. Apesar da pandemia ter estimulado o e-commerce, foi a introdução das carteiras digitais pelos bancos que ajudaram a propagar mais confiança nas transações digitais entre os peruanos
Esse método de pagamento também tornou o e-commerce acessível para pessoas com menor renda. No Summit deste ano, foi observado que, com um valor mínimo de transferência de apenas um sol, cada vez mais peruanos estão utilizando carteiras digitais para suas transações. O Yape, em especial, se destacou como a opção mais popular.
Outro grande fator é o crescimento dos serviços de delivery e aplicativos de transporte, que agora são um dos formatos de e-commerce mais utilizados no país. De acordo com o Instituto Peruano de Economia, somente em 2022, os peruanos pediram cerca de 194 milhões de corridas e 43 milhões de deliverys.
Em 2023, estes aplicativos somaram 0.50% do PIB do país, contribuindo com mais de 5.5 milhões de soles, fomentando um debate sobre a possível regulação e taxação desses serviços.
Um dos principais regulamentos que está afetando o e-commerce no Peru é o Decreto Legislativo No. 1623, comumente conhecido como ‘a taxa Netflix”. Essa lei cobra 18% da Taxa Geral de Vendas nos serviços digitais.
Esse tipo de regulamentação pode impactar significativamente o e-commerce nos próximos anos, potencialmente aumentando os custos para os consumidores. Em alguns casos, empresas podem até serem forçadas a cessar suas operações devido à adição dessas despesas. Um exemplo disso é a Uber Eats, que decidiu sair do Peru quando novas regras foram introduzidas durante a pandemia.
O país também conta com a Lei No. 29733, a Lei de Proteção de Dados Pessoais. Apenas em 2023, a Autoridade Nacional de Proteção de Dados Pessoais emitiu multas que somaram mais de 7.6 milhões de soles a 336 empresas após fazer auditorias.
A violação de dados é uma grande preocupação para negócios que atuam no Peru. De acordo com um relatório apresentado pela Azion no evento, 98% das empresas experienciaram alguma violação de dados. Grande parte disso se deve aos 1600 ciberataques que acontecem a cada segundo na América Latina. As violações podem custar aproximadamente 6 milhões para cada organização, em conjunto com a mancha em sua reputação.
Um dos maiores desafios para o futuro do e-commerce no Peru é superar as barreiras nos métodos de pagamento. Apesar do crescimento das compras online, ainda há uma parte da população que resiste a adotar transferências digitais de dinheiro.
Segundo o Instituto Nacional de Estatística e Informática (INEI), apenas 60% da população adulta no Peru tem conta bancária, o que representa um aumento de 2,6% em relação a 2023.
Durante o e-Summit Peru e-Commerce da CCL, ficou claro que os principais motivos pelos quais muitas pessoas evitam abrir contas bancárias são a desconfiança nas instituições financeiras, preocupações sobre como seu dinheiro é administrado e o receio de pagar de impostos sobre suas atividades. Para as empresas, o avanço do e-commerce pode ser uma forma de integrar esse grupo ao sistema financeiro.
Uma grande oportunidade está no uso de estratégias omnichannel, que permitem aos clientes acessar os mesmos produtos ou serviços em diferentes plataformas, seja por meio de um app, site ou loja física.
À medida que as empresas integram soluções de pagamento às estratégias omnichannel, a população peruana que ainda hesita em usar o e-commerce pode começar a aderir. Ver outras pessoas confiando nas transações eletrônicas e desfrutando de uma experiência integrada em todos os canais pode incentivá-las a adotar essa nova forma de pagamento.
O e-commerce no Peru deve crescer 15% em 2024, segundo a CCL, gerando mais de US$ 23 bilhões em movimentação econômica. Até 2028, a Statista projeta que o mercado aumentará em 66% em relação a 2023, mostrando um crescimento expressivo nos próximos cinco anos.
Durante o evento, os especialistas destacaram a importância de as empresas se adaptarem rapidamente ao cenário dinâmico do e-commerce. Foram apontadas tendências como o full commerce (oferta de serviços completos), quick commerce (serviços rápidos e sob demanda), estratégias omnichannel, inteligência artificial, e-commerce conversacional (com uso de chatbots para auxiliar nas compras), além do crescente uso das carteiras digitais.
As empresas que adotarem essas tendências e tecnologias estarão na linha de frente do futuro do e-commerce no Peru. Por outro lado, quem não acompanhar essas mudanças pode acabar ficando para trás no ritmo acelerado das compras online.