Desde a posse de Javier Milei como Presidente da República Argentina, o país vem passando por transformações que representam desafios e oportunidades locais e internacionais para as empresas que desejam atuar no mercado argentino. Confira os pontos que time da Argentina da Sherlock Communications considera relevantes.
Um dos projetos econômicos mais importantes de 2024 foi a promulgação da Lei de Reforma e Incentivo ao Investimento (Lei RIGI), que abriu novas possibilidades para empresas estrangeiras. Essa regulamentação, criada para incentivar o investimento estrangeiro direto, oferece benefícios fiscais e administrativos em setores estratégicos como tecnologia, energias renováveis e manufatura avançada. Entre os principais incentivos, estão:
Os setores que podem obter maior benefício são: florestal, turismo, infraestrutura, mineração, tecnologia, siderurgia, energia e “petróleo e gás”. Para a maioria deles, exige-se um investimento mínimo de 200 milhões de dólares, ainda que haja algumas exceções.
Essas medidas têm como objetivo posicionar a Argentina como um destino mais atrativo para grandes investimentos estrangeiros. No entanto, para aproveitar plenamente essas oportunidades, as empresas precisam compreender as regulamentações locais e se manter informadas sobre mudanças políticas e econômicas.
Recentemente publicamos um artigo que mostra em detalhes como a Argentina se tornou um hub de cripto chave na América Latina. Em um contexto de alta inflação e restrições cambiais, as criptomoedas surgiram como uma alternativa viável tanto para indivíduos quanto para empresas, que resulta em:
Para empresas estrangeiras, o ecossistema cripto abre oportunidades para investir em startups de tecnologia e usar criptomoedas como uma ferramenta para simplificar operações em meio às restrições cambiais ainda presentes. Além disso, um ponto essencial é a comunidade ativa de desenvolvedores, empreendedores e startups que têm se consolidado em torno desses novos paradigmas tecnológicos.
Buenos Aires, em especial, se consolidou como um dos principais centros de inovação digital na América Latina. O crescimento de incubadoras de empresas, fundos de investimento especializados e eventos voltados para networking tem impulsionado esse cenário. Paralelamente, a expansão de projetos ligados à Web3 fortaleceu ainda mais esse ecossistema, destacando a Argentina como um polo de startups inovadoras focadas em soluções como tokenização de ativos, exchanges descentralizadas (DEX) e aplicações de governança digital.
O governo de Javier Milei tem mostrado um claro interesse em criar um marco legal para regular as operações com criptoativos com melhores regulamentações e segurança. Atualmente, o Congresso está trabalhando em um projeto de lei que busca definir regras claras sobre a tributação de lucros e especificar quais tipos de entidades poderão atuar no setor. Especialistas acreditam que, com uma regulação adequada, a Argentina tem o potencial de se tornar uma líder regional na adoção de criptomoedas e na expansão da Web 3.0.
A Argentina desempenha um papel importante na transição para energias limpas, impulsionada por suas vastas reservas de lítio, um dos minerais mais procurados para baterias de veículos elétricos. A expectativa é de que essa indústria continue crescendo de forma acelerada até 2025 a partir do:
No entanto, as empresas estrangeiras que desejam atuar no mercado argentino precisam estar atentas a riscos como disputas territoriais e a necessidade de cumprir regulamentações ambientais rígidas.
Apesar das inúmeras oportunidades, não podemos esquecer dos desafios estruturais da Argentina, como:
Inflação em queda, mas ainda presente: Apesar de as projeções indicarem uma redução nas taxas de inflação, os preços continuam subindo. O Relevamiento de Expectativas del Mercado (REM) do Banco Central estima uma inflação de 25,9% para 2025, um patamar bem mais baixo em comparação aos anos anteriores e a 2024 (117,8% final). Nesse cenário, as empresas precisam adotar estratégias de preços flexíveis e encontrar formas de proteger seus balanços diante da volatilidade cambial, que pode impactar as projeções.
Controles cambiais: As restrições para repatriação de capital seguem como um dos principais desafios. Algumas empresas têm recorrido a soluções inovadoras, como o uso de criptomoedas, para reduzir esses riscos. Contudo, a continuidade do chamado “cepo” mantém a incerteza em torno do valor real do dólar, um fator crítico para a definição de preços de bens e serviços no país.
Risco político: Além dos desafios econômicos, a instabilidade política também merece atenção. O ano de 2025 será marcado por eleições legislativas na Argentina. Embora os resultados não alterem diretamente as decisões do Executivo, podem gerar ruídos nas políticas econômicas e cambiais, influenciando a confiança dos investidores.
Em 2025, o mercado argentino trará inúmeras oportunidades para empresas internacionais dispostas a encarar desafios e aproveitar as vantagens do seu cenário econômico, legal e tecnológico. Com a combinação certa de estratégia, inovação e colaboração, as empresas poderão se destacar neste país que se transforma constantemente.