As marcas precisam ter os grupos minoritários em mente durante todo o ano se realmente querem ser aliadas para a mudança estrutural
Ao longo do ano, algumas pautas sobre inclusão, diversidade e representatividade ganham destaque. Em junho, por exemplo, celebra-se o mês do Orgulho LGBTQIAP+ – momento importante para posicionar sua marca como apoiadora da causa e dar visibilidade ao movimento. Porém, há um problema: muitas empresas fazem isso apenas em junho.
A comunidade LGBTQIAP+ existe o ano todo, está em todo lugar e expressa opiniões sobre quase todos os assuntos. Então por que reduzir essas pessoas a falar apenas sobre suas dores em apenas uma época específica do ano? É irônico ver como as marcas postam arco-íris em junho, contratam pessoas lgbtqiap+ para as campanhas nesses momentos e, no restante do ano, esquecem da existência da comunidade.
Comunicar diversidade não pode ter data marcada ou as empresas serão consideradas oportunistas pelo consumidor final, que está cada vez mais crítico. Soa vazio e oportunista se o apoio é restrito a apenas um mês e outras efemérides ao longo do ano. Esses períodos são, sim, importantes para discutir as vivências que esses grupos sofrem, mas debates – e ações – precisam acontecer o ano todo.
Só assim, é possível construir a reputação da sua marca enquanto aliada e preocupada com a comunidade LGBTQIAP+. E, ao fazer isso, ganharemos consumidores fiéis que acreditam em nossa marca e em nossos ideais. E eles, muitas vezes, se tornarão aliados na hora de defender e celebrar a empresa. Uma estratégia de branding, sim, mas com grande apelo social.
Outro ponto é lembrar que a sigla LGBTQIAP+ engloba várias vivências, então não adianta pensar no Mês do Orgulho e trazer apenas homens brancos cisgêneros e sem deficiência para os holofotes. Sabemos que isso acontece pois eles estão próximos ao “padrão”, porém a sigla e as vivências são muito mais plurais.
Onde estão as pessoas pretas, pessoas trans, mulheres lésbicas? É preciso pensar em interseccionalidade, como já dissemos em outro artigo aqui do blog. Portanto, ao buscar a diversidade nas comunicações, vamos pensar criticamente sobre todos esses insights e nos comprometer a trabalhar e construir uma realidade melhor e mais representativa.
Uma pesquisa global recente da Getty Images, em parceria com a Glaad, a Visual GPS, trouxe informações que corroboram para apontar essa falta de representatividade. Apenas 20% dos entrevistados afirmaram que costumam ver membros da comunidade LGBTQI+ representados regularmente em imagens e, quando é feito, na maioria das vezes é de modo estereotipado. Além disso, 30% dessas imagens retratam gays como “femininos”; 29% delas mostram pessoas LGBTQIAP+ carregando a bandeira do arco-íris de algum modo; 29% de tais imagens retratam mulheres lésbicas como “masculinas” e 28% dessas imagens retratam gays como “extravagantes”. Em outras palavras, a representação visual é escassa e não necessariamente exclui visões estereotipadas.
Vale dizer que não basta postar e falar sobre o orgulho LGBTQIAP+ da porta para fora. Eles são mais que sua sexualidade e identidade de gênero, que têm muito mais a dizer e fazer em diferentes áreas.
Os membros da comunidade precisam estar dentro das empresas, dentre os tomadores de decisão. Por isso, lembre-se disso na hora de formar equipes, busque diversidade, crie processos e ambientes que assegurem o bem estar das pessoas.
É essencial ouvir, conectar diferentes pautas e buscar informação constantemente. Se envolva com a causa, converse com quem faz parte dela – pague estes profissionais pela consultoria – e consiga de fato expandir o discurso sem mais do mesmo durante o ano todo.
E, por fim, tenha a responsabilidade social de abordar essa importante pauta entre os colaboradores da sua empresa. Na Sherlock Communications, destacar a representatividade e pluralidade durante o ano todo é algo considerado essencial. Por isso, foi montada uma equipe de Diversidade & Inclusão, que visa debater os temas com os consultores e nas redes sociais da agência, ajudar a levar a representatividade nas campanhas com os clientes e sem cair em estereótipos, e também criar um espaço seguro para a própria equipe.