Stop working for change Colômbia: quebrando estereótipos no volante

Há alguns anos, quando estava aprendendo a dirigir, um instrutor me disse que as mulheres tinham dificuldade em distinguir direita de esquerda e que não éramos boas ao volante. Como eu, muitas mulheres já ouviram comentários parecidos. Frases como “Mulheres dirigem pior que homens”, “Foi uma mulher quem causou esse acidente” ou “Ela deve ser uma péssima motorista” são ditas o tempo todo, reforçando o estereótipo de que não sabemos dirigir bem.

O mais interessante é que esse tipo de comentário sexista não se limita apenas ao volante; está presente em muitas outras áreas, como política, economia e sociedade. Mas, e se mudássemos essa mentalidade e tomássemos o controle de nossas vidas com mais confiança e segurança?

Na Sherlock Communications Colombia, não apenas fizemos essa pergunta, mas decidimos agir. Por isso, nos unimos ao Stop Working for Change, uma iniciativa da agência Canela para provar que as mulheres têm o controle sobre o seu futuro.

E como fizemos isso? Da forma mais divertida (como nós, colombianos, dizemos quando algo é super legal): com uma corrida de kart.

A corrida até a pista

Às 13h, chegamos ao Multiparque, um centro de entretenimento familiar em Bogotá, Colômbia. Entre suas atrações, está o Indoor Karting La Pista, um circuito inovador que oferece uma experiência única de esporte a motor no país.

O que diferencia essa pista é sua tecnologia de ponta: karts franceses, um sistema avançado de cronometragem e um layout exclusivo da Colômbia. Mais do que um teste de velocidade, é uma experiência que faz cada participante se sentir um verdadeiro piloto de Fórmula 1.

E claro, não poderia faltar um almoço digno de campeões: um prato delicioso com chicharrón, morcilla, plátanos, carne de boi, frango, costela e batatas criollas. Sai da frente, Lewis Hamilton — Sherlock Colombia chegou.

Quando chegamos à pista, os instrutores explicaram as regras da corrida, as medidas de segurança, o significado das bandeiras e as penalidades. Nos entregaram capacetes, redes de proteção para os cabelos e elásticos para amarrar o cabelo, e nos preparamos para a ação.

Resultados da corrida:

A competição durou cerca de 30 minutos, e embora isso parecesse uma eternidade, o tempo passou rápido. A corrida foi intensa: as rampas eram íngremes e as curvas desafiadoras, mas nada disso foi um obstáculo para a Sherlock Communications.

No pódio, as posições foram as seguintes: 1º lugar – Esteban Arévalo Marroquín
2º lugar – Luz Marina Trujillo Vanegas
3º lugar – Óscar Alberto Segura Reyes

Em seguida, ficaram Paola Barrera, Jaime Fernando Jurado Zambrano, Sergio Hernández Perea, Paula Bedoya e, por último, eu, Laura Reyes Arango.

Entre os vencedores, Luz Marina Trujillo Vanegas foi a única mulher a chegar ao pódio, conquistando o segundo lugar. Ela compartilhou seus sentimentos sobre a experiência: “Foi uma sensação incrível porque me identifiquei completamente com o propósito da atividade: quebrar estereótipos. Percebi que, como mulher, posso superar limites, mostrar minhas habilidades e quebrar recordes. Foi uma experiência incrível, especialmente porque não sou uma motorista frequente. Para mim, essa experiência foi exatamente o que queríamos alcançar: empoderar-nos e acreditar que podemos alcançar nossos objetivos, independentemente do que os outros digam.”

Por sua vez, Esteban Arévalo Marroquín, vencedor da corrida, destacou a importância dessas experiências: “É muito bom poder mostrar essa realidade porque, além da competição, é um lembrete de que talento e determinação não têm gênero.”

Embora eu tenha sido a última a cruzar a linha de chegada, o que senti durante a corrida foi um alívio. Uma energia vibrante, uma sensação de liberdade que não sentia há muito tempo. Era como se, a cada volta, todos aqueles comentários sexistas que já ouvi ao longo dos anos desaparecessem, deixando-me apenas com a empolgação do momento e a adrenalina da velocidade.

Uma experiência que deixa uma mensagem

Homens e mulheres da Sherlock Communications Colombia concordam que é preciso quebrar estigmas, estereótipos e paradigmas que perduram há décadas. Cada ação, por menor que seja, deixa um impacto duradouro. Porque o verdadeiro motor da mudança não está nos carros, mas na coragem de cada mulher que ousa desafiar limites.

Um olhar sobre a história das mulheres ao volante

Em 29 de janeiro de 1886, o engenheiro alemão Karl Benz patenteou o primeiro automóvel, dando início à era dos carros. No entanto, foi sua esposa, Bertha Benz, quem fez história ao provar que a invenção tinha um futuro real.

Em 1888, Bertha fez uma viagem de 100 quilômetros a bordo do Benz Patent-Motorwagen, sem avisar seu marido. Seu objetivo era claro: provar a confiabilidade do carro e promovê-lo. Pelo caminho, ela mostrou grande conhecimento mecânico, consertando falhas e até melhorando o design do veículo. Sua façanha não só avançou a indústria automobilística, mas também abriu espaço para a participação das mulheres no mundo dos motores.

Mais de 130 anos depois, as mulheres ainda enfrentam barreiras ao volante. Um exemplo claro é que, até 2017, as mulheres na Arábia Saudita eram proibidas de obter uma carteira de motorista, uma restrição que só foi retirada por decreto do rei Salman bin Abdulaziz.

Mas a desigualdade persiste. De acordo com o relatório Women, Business and Law 2021 do Banco Mundial, 16 países ainda impõem restrições legais que impedem as mulheres de trabalharem como motoristas. Isso inclui países como Argentina, Belize, Líbano e Vietnã, mostrando que, apesar do progresso, a estrada para a igualdade ainda é longa.

Bertha Benz desafiou as normas de sua época com coragem e visão. Hoje, seu legado nos lembra que a luta por mobilidade igualitária e acesso a oportunidades continua.

Agora, mulheres em países como a Arábia Saudita estão dirigindo não apenas carros, mas suas próprias histórias, caminhando em direção ao que mais desejam: independência.

Written by: Laura Reyes