O grande trunfo da NBB foi aprender com seus erros, atitude que começa a ser vista pelos gestores do futebol. Nos últimos anos, alguns clubes se destacaram por suas gestões profissionais e sustentáveis, priorizando o planejamento a longo prazo, a quitação de dívidas e o aumento de fluxo de caixa. Tudo com a atuação fundamental do departamento de marketing que passou a ter mais liberdade para explorar novas formas de trabalhar a marca e procurar por paceiro dispostos a patrocinar novas ações.
O movimento de transmissão esportiva via streaming é irreversível. Nos Estados Unidos, o modelo já está tão consolidade que até as redes sociais passaram a ser players desse mercado. Hoje em dia, a NFL, principal liga esportiva do país, divide seus direitos de transmissão por dia, com cada canal de televisão e plataforma de streaming tendo direito a um dia da semana de exclusividade. Dessa forma, não há conflito de interesse entre meios digitais e televisão onde todos saem ganhando. CBS, FoxSports, ESPN e NBCUniversal dividem os direitos de transmissão, utilizando inclusive suas plataformas digitais. No Brasil, além da TV a cabo, é possível assistir ao futebol americano pelo Prime Video, plataforma de streaming da Amazon que conta com um vasto catálogo de filmes, séries e produções originais. Na Europa, o Facebook recentemente adquiriu os direitos de transmissão da Premier League para a Ásia e da La Liga para a Índia.
Outras grandes ligas do país do Tio Sam preferiram lançar suas próprias plataformas de streaming, como a NBA e a MLS. Em ambos os casos, a liga vende a transmissão de toda a temporada por um preço fixo onde o assinante tem acesso a todas as partidas ao vivo, melhores momentos, conteúdos exclusivos ou assistir a qualquer jogo na íntegra a qualquer hora. O valor sofre alterações com o passar da temporada, podendo ser adquirido por um valor mais baixo na metade do ano. Um exemplo similar no futebol é o lançamento da plataforma prórpia da UEFA, já anunciada pela entidade para complementar o conteúdo que já é transmitido pela TV paga. Cientes de que a venda de direitos para as televisões de todo o mundo ainda são responsáveis pela maior parte de seu faturamento, a UEFA quer usar sua plataforma para promover competições menos assistidas como os campeonatos femininos, juvenis e também imagens de bastidores, resumos das principais partidas e conteúdo exclusivo para assinantes da plataforma, provando que plataformas digitais e televisão podem sim conviver de forma saudável.
A notícia mais chocante para o mercado brasileiro talvez tenha sido a da aquisição dos direitos de transmissão da UEFA Champions League pelo Facebook e não pela Globo, que nem sequer entrou na disputa pelos direitos devido ao aumento dos custos para manter todas as suas competições. O Facebook chegou a disputar com a Globo os direitos pela Libertadores em território brasileiro (a rede já transmite em outros países da América do Sul), evidenciando que as plataformas digitiais chegaram para ficar, com os investimentos e meios necessários para bater de frente com emissoras tradicionais.
No Brasil existe espaço para seguir o exemplo da NFL e da UEFA, negociando parte de seus direitos para plataformas digitais. Com o aparecimento de serviços por assinaturas de conteúdos online de canais a cabo, como a Fox, se vê como tendência o abandono do brasileiro das operadoras de TV por assinatura. Aquele que souber suprir as necessidades dos consumidores, sem agredir demais a televisão e realizar essa transição de maneira suave, será o primeiro a desbravar um rico caminho ainda inexplorado no mercado esportivo brasileiro.